Na manhã do domingo dia 2 de fevereiro do ano 2003, falecia vítima de infarto agudo do miocárdio, o Arcebispo de Niterói, Dom Carlos Alberto Etchandy Gimeno Navarro, de 71 anos. Seu corpo foi transladado para a Catedral de São João Batista (Jardim São João, Centro da cidade), onde foi velado, por todos os fiéis, e após missa solene foi sepultado na capela do Santíssimo Sacramento da Catedral ficando até a data 30 de outubro, quando foi feita a exumação de seu corpo. Agora os restos mortais do Arcebispo ficarão na capela mortuária da catedral onde também ficarão os restos mortais dos Arcebispos e Bispos da Arquidiocese.
O Arcebispo sofreu um infarto no dia 17 de janeiro de 2003, enquanto trabalhava em seu gabinete, o falecimento de Dom Carlos, aconteceu no Hospital Santa Cruz, onde foi submetido no dia 31 de janeiro de 2003 a uma cirurgia para substituição das pontes safenas. Segundo o chefe da equipe médica da época Dr. Luiz Gonzaga, explicou em nota oficial: “o Arcebispo faleceu, após ter sido submetido à cirurgia de revascularização do miocárdio, vítima de complicações cardiorrespiratórias, como choque cardiogênico, cardiopatia isquêmica e infarto agudo do miocárdio”.
Dom Carlos era defensor da genuína fé. Ele nasceu em 30 de outubro de 1931, na cidade do Rio de Janeiro, filho de João Gimeno Navarro e Maria do Carmo Etchandy Navarro (ambos falecidos, bem como seu irmão mais velho Humberto). Cursou o antigo ginasial e científico (1º e 2º graus) no Colégio Militar, e frequentou a Academia Militar de Agulhas Negras (Resende) de 1951 a 1952. Neste período sentiu o chamado à vocação sacerdotal, principalmente através do contato com os escritos de Santa Teresinha do Menino Jesus (livro História de uma alma), e em 1953 ingressou no Seminário Arquidiocesano São José, do Rio de Janeiro.
Ele foi ordenado sacerdote em 29 de junho de 1959, e exerceu funções de professor, prefeito de Estudos e diretor espiritual no Seminário (1960 a 1966), assessor do Secretariado Nacional dos Seminários da CNBB (1964 a 1971), assessor do Secretariado Nacional das Vocações Sacerdotais (1970 a 1971), diretor da Divisão de Educação Religiosa da Secretaria de Educação do Estado da Guanabara (1967 a 1974), assessor-chefe da Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro (1975) e coordenador arquidiocesano de Pastoral (1971 a 1975).
A 12 de dezembro de 1975, ele tornou-se Bispo, como Auxiliar do Rio de Janeiro (sendo então Arcebispo o Cardeal Dom Eugênio Sales), assumindo também funções de vice-secretário do Regional Leste 1 (Dioceses do Estado do Rio de Janeiro) e presidente da Comissão Regional do Clero do Leste 1.
Em 29 de agosto de 1981, Dom Carlos Alberto foi transferido pelo Papa João Paulo II para ser o Bispo titular da Diocese de Campos dos Goytacazes (RJ), que então passava por dificuldades pastorais por na época, que envolviam a não aceitação das reformas do Concílio Vaticano II. Com habilidade e zelo apostólico ímpares, Dom Carlos Alberto Navarro soube contornar esse problema, esclarecendo o povo e trazendo-o de volta à luz da correta doutrina católica. Seu esforço e trabalho incansável fizeram com que merecesse as mais que justas congratulações por parte do Papa; mas por tanto sofrimento, o então Bispo acabou sofrendo um infarto e teve que ser submetido à cirurgia para colocação de três pontes safenas, em 1982.
O Santo Padre João Paulo II transferiu-o para assumir como Arcebispo em Niterói, em 9 de maio de 1990, vindo a tomar posse em 2 de julho daquele ano. Desde que chegou à Arquidiocese de Niterói, Dom Carlos Alberto dedicou-se, incansavelmente, ao fortalecimento da vida pastoral, em todos os setores de atividade, recebendo o reconhecimento por parte de todo o povo católico, que via nele um pai na fé e um defensor intransigente da genuína doutrina católica.
Sempre fiel à doutrina da Igreja, Dom Carlos Alberto, com muita humildade conduzia as suas ovelhas para as quais sempre teve um olhar especial de Bom Pastor. Isso fez com que sempre buscasse estar sempre bem próximo a elas em todos os momentos de seu ofício, seja nas Visitas Pastorais ou nos compromissos a cumprir, seja na Arquidiocese, onde passava o maior tempo de seu dia. Para ele, a celebração de uma Santa Missa só acabava após os cumprimentos aos fiéis, na porta das Igrejas.
Dom Carlos também foi poeta e compositor de aproximadamente 160 músicas religiosas como: “Sobe a Jerusalém”, “És Maria”, “Quando seu Pai revelou”, “Procuro abrigo nos corações”, “Não sei se descobriste”, “Sou bom Pastor” e “Muito alegre eu Te pedi”, dentre outras.
Em 1991, o primeiro Anuário da Arquidiocese de Niterói além de outras diversas edições que servem de subsídio para a Catequese, Catecumenato, Crisma e tantas outras pastorais.
No Centenário da Arquidiocese de Niterói em 1992, redimensionou, a partir do método: VER, JULGAR, AGIR, promovendo uma maior unidade à vida e missão da Igreja Particular, através do entusiasmo apostólico com que interagiam.
Durante o seu governo, foram ordenados 22 sacerdotes sendo 20 diocesanos e 2 religiosos, duas paróquias foram criadas a de Santana e Santa Rita de Cássia, em Armação dos Búzios (1997) e Santíssima Trindade, na Trindade, município de São Gonçalo (2001), além da Quase-Paróquia de São José Operário, em Jardim Catarina, em São Gonçalo (2002).
Sua fidelidade à Igreja levava-o a viver com grande intensidade os anos festivos promulgados pela Santa Sé, a exemplo de: “Ano do Espírito Santo”, “Ano de Deus Pai”; “Ano do Jubileu”; “Ano Santo”, entre tantos outros, aos quais, sempre grande concentração de fiéis afluía, vindo das diversas Paróquias e municípios da Arquidiocese.
Firme em sua direção voltada para a vontade da Igreja através do Espírito Santo na pessoa do Santo Papa, muitas eram as suas convocações, através de mensagens e mesmo circulares com chamados a: Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas (diariamente, pelos padres através de suas paróquias e comunidades religiosas); Adoração ao Santíssimo Sacramento e a reza do Terço (durante a Liturgia das Horas), na intenção do “Ano Santo” e da Santificação das Vocações Sacerdotais.
Difundiu a devoção aos Santos, a partir da vida de Santa Terezinha do Menino Jesus, São João Batista, etc. Dom Carlos Alberto buscou, intensamente, viver uma vida em “busca da união com o Santo Padre e a Igreja Universal”, no que buscava levar, também, o seu rebanho as suas ovelhas; o que bem se pode perceber através de seus escritos e circulares. É na obediência à Igreja que, acatando ao pedido da Igreja, em janeiro de 1998, ele reunia, na sede da Arquidiocese, grande número de fiéis em formação para a “Pastoral da Sobriedade”, além da realização de um Encontro Ecumênico em abordagem do assunto.
Dom Carlos Alberto ainda exerceu os cargos de membro do Conselho Fiscal da CNBB, representante dos Bispos na Comissão Regional de Seminários, foi eleito pelos Bispos para acompanhar o Ensino Religioso no Estado do Rio de Janeiro (desde 1987), e também presidente do regional Leste 1 da CNBB em dois mandatos: de 1991 a 1993 e de 1993 a 1995.
Seu lema como Bispo foi “Pela graça e pelo apostolado” – Gratia et Apostolatu (Rom 15,1), e como Arcebispo era “Com Maria Mãe de Jesus” – Cum Maria Matre Jesu (At 1,14).
João Dias
Bases de informações: secretaria da Cúria/CNBB/Vaticano/Associação do Senhor Jesus